segunda-feira, 2 de julho de 2012

O demônio a pagar

"Escrevo-lhe,
Oh comensal amado,
Ainda com o gosto do vinho que bebíamos,
Nas noites frias de um Inferno quente,

Sinto falta da penumbra, das conversas insanas,
Das piadas cortantes,
Da mortalha cinzenta dos cigarros,

Das orgias e encontros funestos!
Sinto falta das blasfêmias (Tenho novas, e anseio por falar-lhe)

Tenho passado por dias tumultuados!
Tu sabes que estamos no "Grand Finale"
As cortinas estão perto de se fecharem, meu amado,
E o ultimo ato será meu! O fechamento desse teatro eterno!

Tenho, contudo, mas uma missão para ti, amado meu!
Trata-se da ultima leva de humanos,
Que viveram suas vidas como embriões,
Antes nem tivessem nascido.

Em nada aplicaram a inteligência que receberam,
E a vida para eles foi como um disco arranhado,

Corroídos pela religião e a falta de sabedoria,
Sendo donos de tudo, viveram como se nada tivessem - Por serem terrenos!
Busque-os meu amado comensal,

Eles ainda têm,
O Demônio a pagar!"

(Sotnas Bentsion)