sábado, 27 de agosto de 2011

A Ovelha perdida

Pobre de mim, ovelha perdida que era,
Por muito andei vagando por estas terras,
Sendo pastoreada pela própria morte,
Onde cada dia parecia o ultimo.

Lembro daquele dia em que sua voz suave acariciou meus ouvidos,
Nunca me esqueci, Meu Pastor.
Quão doce é sua voz, e quão terna é sua expressão de Amor.
Me tiraste dos vales frios e me trouxeste ao teu aprisco.

Jardim fechado, seguro.
Aqui minhas feridas são tratadas, meu ser se rejubila.
Onde posso me recostar no Meu Pastor e descansar.
Sua voz me orienta pelos seus caminhos.

Não quero Jamais, sair deste Aprisco, Meu Amado Pastor.
Não me deixes me perder de tua voz.

(Sotnas - Dedicado ao Youssef Mihael, vulgo JM)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Pensamento no hoje ou na eternidade?

Oh, Se traçarmos um círculo prematuro,
Sem nos importarmos do ganho além,
Ansiosos por lucro imediato, certamente
Má terá sido nossa barganha!

(Robert Browning - falando sobre viver pensando em um ganho maior, ou seja, a eternidade)

Cristo na vida


Cristo na vida, valor incomparável, que isto te baste;
Nenhum argumento, nem defesa, nem apelo eloqüente ou artifício,
Eu te apresento, mas antes, Cristo na vida, que isto te baste.

Não falo do excelente e sutil debate da filosofia,
De argumentos ontológicos, teológicos, cosmológicos, disso não falo:

Desafio-te com as exigências da alma,
Repreendo teu espírito morno, á tua rebeldia e ignorância,

Que esta palavra chegue, e a voz que põe fim toda a contenda,
Que isso te baste: Cristo na vida!

(Russell Norman Champlin)

Eu Sinto

Não o encontrei no mundo ou no sol.
Nas asas da águia ou nos olhos do inseto;
Nem através de indagações feitas pelos homens,
As tolas teias que eles têm tecido.

Se, tendo a fé caído no sono,
Eu ouvisse uma voz: ‘não creias mais’
E ouvisse uma praia que retumbasse
Com ondas no abismo da impiedade

Um calor dentro de mim dissolveria
A parte mais gélida da razão,
E, como homem iracundo, o coração
Se ergueria e diria: ‘MAS EU SINTO!’

(Alfred Lord Tennyson)

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Astrônomo

Quando se ouvia o erudito astrônomo;
Quando as provas, as cifras, foram catalogadas perante mim;
Quando me foram mostrados os mapas, os diagramas;
Para adicionar, dividir e medi-los;
Quando eu, sentado, ouvia o astrônomo que conferenciava;
Sob muitos aplausos no salão da conferencia;
Quão logo, inexplicavelmente, fiquei cansado e enfadado;
Até que, levantando-me e saindo sem ruído, pus-me a vaguear,
Ao ar úmido e místico da noite, e, de vez em quando,
Olhava, em silencio perfeito, as estrelas.

(Walt Whitman)

Oh, mundo, não escolheste a melhor parte!
Não é sábio apenas ser sábio,
E fechar os olhos para a visão interior,
Mas é sabedoria acreditar no coração,
Colombo achou um mundo e não tinha mapa,
Salvo o da Fé, decifrado nas estrelas;
Confiar na empresa invencível da alma
Era toda sua ciência, toda sua arte.
Nosso conhecimento é uma tocha fumegante.
Que ilumina o caminho um passo de cada vez.
Através de um vazio de mistério e espanto.
Ordena, pois, que brilhe a luz terna da fé.
A única capaz de dirigir nosso coração mortal
Aos pensamentos sobre as coisas divinas.

(George Santayana)

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Atributos



Quando tuas taças de ira se derramarem sobre a terra,
Eu quero estar bebendo da tua graça.
Quando a tribulação começar,
Quero estar na dispensação do teu amor.
Quando os ímpios começarem a ser abatidos,
Quero estar envolvido pelo teu favor.
Nisto é conhecido sua Misericórdia.

Que teu sacrifício seja a força motriz do meu viver.
Que eu viva apenas para promulgar este amor.
Não que de fato consiga,
Pois muito falho sou.
Nisto é conhecido tua longaminidade.

Quero estar próximo ao nascer da fonte,
De onde teu ser flui.
Que possas fluir em mim também, Oh Senhor.
Sabendo que nada disso mereço,
Nisto é conhecido sua Graça.

Agora, dentre seus atributos que todos poderão ver,
Oh Eterno,
Existe um que está guardado a muito,
Sua virtude em julgar.
Prepara-te, oh minh’alma.
Para encontrardes com Aquele que te conhece até o âmago do ser.
Aquele que sabe de todas suas mazelas.
Aquele que sabe a intenção de todas suas ações.
Nada se pode esconder Dele, pois nada lhe passa despercebido.
Ele tem sabedoria para fazer as perguntas,
E já sabe as respostas.
Nisto é conhecido tua Justiça.

Mi Kamorra, Adonai?



Esta noite me foi dado uma dádiva de conhecer todas as coisas deste mundo.
Todas elas!
Primeiramente tomei um fôlego sobrenatural e mergulhei no mais fundo dos oceanos,
Lá vi seres jamais vistos, e uma beleza incrível.
Foi-me dado força para subir aos mais altos montes, escalados por poucos,
E lá vi as edificações, as cidadelas e as grandes metrópoles.
Tornei-me pequeno o suficiente para conhecer a menor estrutura do átomo,
E todo o mundo quântico.
Tornei-me sagaz o suficiente para percorrer a infinidade do universo,
Cada estrela, cada constelação e cada galáxia escondiam belezas jamais vistas,
E pouco é o que sabemos da criação.
Conheci todas as flores, plantas e arvores; todos os animais de todas as espécies.
E muito belos são, na qual muitos o homem nem sonha em conhecer.
E me foi dado todos os livros deste mundo, e ainda nesta noite fui capaz de ler todos eles,
Confabulações, poesias, histórias de amor, ódio, alegrias e tristezas,
E mui belíssimas são todas, na qual me senti enfadado de tanto conhecimento.
Quão belas são todas as coisas, e quão profundo é o conhecer.
E quão medíocre é aquele que se considera algo.
E escutei todas as músicas, muitas já perdidas nos tempos, orquestrações maravilhosas.
E desci ao Sheol [Inferno] e pude segurar nas mãos de Satan e observar os que lá estavam.
E o sofrimento deles preencheu meus olhos de lágrimas.

Foi então que fui arrebatado em sentidos e pairei no firmamento de todas as coisas,
Foi quando um ser de Luz me apareceu,
Me dobrei diante dele,
Ele se mostrou um ser alado e disse:
“Um mero anjo sou, e nada há em mim que mereça alguma honra, mais conheça aquele que de toda Glória é revestido.”
Foi quando o contemplei, e vi que tudo aquilo que estava a minha Frente.
Sentia como que queimando meus olhos, mediante tanta luz.

E não há nada mais belo, e não a nada que me apraz tanto,
Pois é Ele quem minha alma ama e chora amargamente.
Ele é o amado de minh’alma.
E todos cantavam:
Mi Kamorra, Adonai?
Quem é como Tu, Oh Senhor?

By Sotnas - uma revelação mística em um momento bem trivial.

O mistério da Cruz

Porque escolhestes, Oh Senhor
Demonstrar seu amor em tamanho sofrimento?
Porque aturaste aqueles que te açoitaram?
Porque tua coroa, não foi outra, senão de espinhos?

Porque, sendo Rei, escolheu reinar no coração,
Sendo Leão, preferiu ser também cordeiro,
Escolheu servir, ao invés de ser servido.
Porque escolheu converter sua morte, em vida eterna.

Realizaste um espetáculo na Cruz,
A ser contemplado eternamente,
Até o apoteótico fim de todas as coisas,
E inicio de uma eternidade contigo.

By Sotnas

Minh’alma

Edifica para ti mansões mais majestosas,
 Oh, minha alma.
Enquanto as estações ligeiras passam!
Deixa teu passado de teto baixo!
Que cada novo templo, mais nobre que o anterior,
Feche-te do céu com uma cúpula mais vasta,
Até que por fim, fiques livre!
Abandonando sua pequena concha no mar intranqüilo da vida.

(Oliver Wendell Holmes)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Benigna autem noctum (A noite da Benignidade)

Foi aquela noite.
E noite como aquela nunca houve.
Os que estavam ali perto não sabiam,
Nem imaginavam o que se passava.


Contudo, em outra dimensão, cada momento era único.
No céu, cada anjo chorava em desespero,
No inferno, uma gargalhada lunática e insana.
Profanado, blasfemando, era o que se podia ouvir de cada demônio.


A vitória nunca esteve tão perto.
“finalmente”- bradaram
Junto com os anjos Ele também chorou, começou a soar sangue.
Angústia.


“Afasta de mim este cálice, PAI” – falou
ELE afastou,
Mas não do seu filho,
Afastou o cálice de nós.


Como uma taça transbordante,
O Amor foi derramado,
Encheu todo o universo.
Que ficou pequeno, perante tanto amor.


Como ovelha muda, foi levado ao batedouro.
O melhor sendo sacrificado pelo pior,
Tudo isso aconteceu,
Na noite da benignidade.


By Sotnas

Quem é Deus?

Quem és tu, Senhor Deus, senão aquele que nada pode ser concebido como maior?
mas quem és tu, exceto aquilo que, como o mais elevado de todos os seres, é o único que pode existir por si mesmo, que cria todas as coisas do nada?
Pois tudo quanto não chega a isso é menor que algo do que possa ser concebido. Mas isso não pode ser concebido ao seu respeito, por conseguinte, que bem falta ao Deus supremo, através de quem fluem todos os bens?


Assim, pois, és justo, verás bendito, bem como tudo o que é melhor ser do que não ser, pois é melhor ser justo que não justo, é melhor ser bendito que não bendito


(Anselmo, Proslogium, Cap V)

A alma

Oh Soberano,
Bendito seja o dia em que transbordando de amor,
Planejastes, cada momento desta realidade que hoje vivemos,
A Eternidade torna-se pouco para que sejas adorado,
Que se levante todas as vozes e louvem ao Eterno,
A Ele somente seja todo louvor,
Por ter criado, cada alma e ter colocado em templos frágeis, templos humanos.
como este que estou agora,
Sendo eu, uma simples alma, contudo, essência do Criador.
Que possa cada vez, perceber que devo tornar-me a sua semelhança,
E este seu eterno plano, é por isso que existo.
E que possa voltar a estar contigo,
Como já estive,
Em tempos remotos.


by Sotnas