sábado, 3 de setembro de 2011

Ao Deus desconhecido


Ainda uma vez, antes de prosseguir
E deitar o olhar para adiante,
Ergo, na minha soledade, as mãos
Para ti, em quem me refugio,
A que no mais fundo do coração
Consagrei solenemente altares
Para que em todos os tempos
Não cesse de chamar-me a tua voz.

Depois se acende, gravada profundamente,
A palavra: “ao Deus desconhecido!”
A Ele pertenço, ainda que entre a turba dos malfeitores
Eu tenha até agora tenha permanecido.
A Ele pertenço, embora sinta os laços
Que, em meio ao combate, me puxam para baixo
E que, embora eu tente subtrair-me,
Me arrastam para seu serviço.

Quero conhecer-te, ó Desconhecido
Que penetras até o centro de minha alma,
Que atravessas minha vida como uma tormenta,
Incompreensível, aparentando comigo.
Desejo conhecer-te, e, inclusive, servir-te.

(F. Nietzsche – Poesia escrita quando Nietzsche tinha menos de vinte anos)

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