sábado, 3 de setembro de 2011

A segunda vinda

Girando e girando em círculos cada vez maiores,
O falcão não pode ouvir o falcoeiro;
As coisas se esboroam; o centro não se firma;
Mera anarquia é solta no mundo,

A maré manchada de sangue é solta, e por toda a parte
A cerimônia da inocência é afogada;
Aos melhores falta a convicção, enquanto os piores
Estão cheios de apaixonada intensidade.

Certamente alguma revelação está próxima;
Certamente a segunda vinda está às portas.
A segunda vinda! Nem bem são proferidas estas palavras,
E a vasta imagem do Spiritus Mundi
Perturba-me a visão: Em algum lugar, nas areias do deserto,
Uma forma, com corpo de leão e cabeça de homem,
Com olhar vazio e tão sem misericórdia quanto o sol,
Move suas pernas lentas, enquanto ao seu derredor
Circulam sombras dos indignados pássaros do deserto.

As trevas voltam; mas agora reconheço
Que vinte séculos de sonho de pedra
Se transformaram em um pesadelo por um berço de balanço.
E que fera selvagem, tendo chegado finalmente a sua hora,
Escorrega na direção de Belém, a fim de nascer?

(William Butler Yeats - falando sobre o Antricristo, necessário precursor da volta de Cristo)

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